Na semana passada, o WebSummit Rio 2023 atraiu um público impressionante de empresas das áreas de finanças, tecnologia e outras indústrias diversas.

Mais de 20.000 participantes de mais de 100 países se reuniram no evento, onde tiveram a chance de se conectar com mais de 700 startups, além de obter insights de mais de 300 palestrantes. Marcelo Sampaio, CEO e Co-Fundador da Hashdex, e Roberta Antunes, Chief of Growth, participaram dos painéis sobre cripto. Neste artigo, compartilhamos quatro insights principais do evento, com ênfase nas discussões relacionadas ao ecossistema cripto e aos investidores cripto.

 

A América Latina ainda é um mercado chave - especialmente o Brasil

 

Vários palestrantes ofereceram insights sobre o papel da América Latina como um centro de inovação e fintech nas últimas décadas. Durante uma discussão, os participantes exploraram por que a América Latina, particularmente o Brasil, se tornou um dos maiores mercados para criptoativos.

Algumas razões fornecidas incluem o fato de que cripto, muitas vezes, floresce em áreas onde existem problemas a serem abordados, como altas taxas de juros e inflação prevalente. Os brasileiros são atraídos por ativos baseados em dólar como uma forma de mitigar esses problemas, e a capacidade das criptomoedas de oferecer fácil exposição à moeda as torna atraentes neste contexto. A América Latina, conhecida como um berço de inovação, tem sido particularmente receptiva a este aspecto de cripto.

Além disso, países com ambientes regulatórios progressistas podem atrair empresas ao promover a inclusividade. Falando sobre métodos tradicionais de obter exposição à cripto, o CEO da Hashdex, Marcelo Sampaio, mencionou que em 2018, ele escolheu lançar a empresa no Brasil devido à sua atmosfera regulatória mais aberta em comparação com os Estados Unidos.

 

A maioria das indústrias não entende Web3... ainda

 

Em 2022, os metaversos se tornaram um tema quente, com um aumento nos anúncios de investimentos nesses mundos virtuais por empresas globais e marcas poderosas. No entanto, a falta de entendimento sobre blockchain, tokens sociais e ambientes virtuais esfriou o entusiasmo por essas tecnologias desde então. "Metaverso e cripto são conceitos 'estrangeiros' até agora, mas eu não acredito que serão no futuro", disse o fundador e CEO da Calaxy, uma empresa que ajuda influenciadores a monetizar suas marcas pessoais.

Durante o evento, Silvina Moschini, fundadora e presidente da Unicoin, compartilhou suas percepções sobre o potencial dos metaversos como um conceito 3D para aprimorar as operações de negócios em setores como jogos e varejo. Com o desenvolvimento de uma criptomoeda respaldada por ações pela sua empresa, ela destaca o papel da tecnologia na melhoria das experiências dos usuários para produtos e serviços.

Portanto, é justo dizer que, enquanto as empresas não entenderem como essas novas tecnologias podem mudar seus modelos de negócios e criar novas formas de geração de receita, o verdadeiro onboarding dessas empresas para a web3 não será possível. Bozena Rezab, CEO e fundadora da Gamee (uma plataforma de jogos móveis de alta interação, com foco na captação de uma grande audiência de jogos para a web3), mencionou como marcas como Adidas e Puma adotando a tecnologia blockchain é um grande sinal de adoção institucional, mas as melhores formas como as marcas podem interagir com essas novas tecnologias ainda estão por ser exibidas. O otimismo permanece para o futuro à medida que as empresas utilizam melhor essas ferramentas à sua disposição.

 

A inteligência artificial (IA) pode ser uma tendência relevante para cripto um dia, mas não agora

 

À medida que 2023 começou, o interesse público em inteligência artificial (IA) aumentou significativamente. Dado que o WebSummit é uma conferência global líder em inovação e tecnologia, os participantes naturalmente buscaram entender o potencial da IA para transformar nossas vidas. "Quem não vai ser impactado pela IA?" questionou Fabiano Cruz, fundador e CEO da Zoop, uma empresa de fintech que oferece infraestrutura tecnológica para negócios de soluções de pagamento e bancárias.

Apesar do crescente entusiasmo por projetos que unem cripto e IA, atualmente parece não haver casos de uso onde a IA vá além de ser um termo da moda com implicações práticas limitadas. É crucial manter um olhar atento sobre os avanços dessa tecnologia emergente, pois ela pode eventualmente revelar como pode influenciar positivamente o cenário blockchain.

 

A clareza regulatória para cripto ainda é incerta

 

A regulamentação emergiu como um tópico proeminente de discussão em painéis focados em criptomoedas no evento. Não foi surpreendente que os palestrantes abordassem essa questão de forma direta ou indireta. Thiago Cesar, CEO da Transfero (emissora do BRZ, uma stablecoin atrelada ao Real brasileiro, BRL), afirmou: "A regulamentação trará mais transparência para os negócios, e a América Latina precisa disso". Muitos palestrantes de diferentes áreas compartilharam essa visão, enfatizando que a ausência de diretrizes claras desencoraja investidores e inovadores a se envolverem neste mercado específico.

Durante as discussões em painel, vários palestrantes destacaram o papel vital do Banco Central do Brasil e de instituições reguladoras como a CVM na criação de um ambiente que incentive a inovação no Brasil. Rafael Stark, fundador e CEO do Stark Bank (uma empresa de fintech que oferece tecnologia para empresas escalarem suas operações), elogiou a inclusividade e o apoio do Banco Central para inovadores de soluções de pagamento e bancos no Brasil.

 

 

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